CARTA
PARA O PAPAI NOEL
As crianças
fazem ideias muito interessantes e constroem hipóteses de escrita através de
atividades desenvolvidas em classe. Dessa forma decidi dividir com vocês uma
atividade que envolve escrita espontânea e convencional, de maneira que possam
acompanhar esse processo.
Aproveitando
o projeto de Natal, escrevemos uma carta para o Papai Noel. Usando a escrita
convencional, as crianças elaboraram, a professora escreveu na lousa e as
crianças copiaram a seguinte frase:
“QUERIDO PAPAI
NOEL
SOMOS BONS
AMIGOS,
O PRESENTE
QUE QUEREMOS É...”
Depois disso,
usando a escrita espontânea as crianças completaram a cartinha, escrevendo o
que gostariam de ganhar.
Surgiram
algumas escritas espontâneas como as seguintes:
1- NZOLERGUPM
– “arminha não de verdade”
2- BLEFA –
“Baby Alive”
3- PEFNFMRNR
– “Transformers”
4- BL –
“bola”
5- MN TELEFO
– “mini telefone”
6- RABUZEL –
“Rapunzel”
7- BNK –
“boneca”
8- CIO BAI –
“carrinho da Barbie”
Nas escritas
1,2 e 3 observa-se a completa ausência de vinculação entre a pronúncia das
partes de uma palavra, mas a escrita provoca o questionamento do próprio
sujeito sobre como se representa graficamente aspectos da realidade, elaborados
pelo pensamento verbal. Ele começa a se questionar sobre o papel da escrita, isto
é, o que representa escrita e pensamento, embora ainda não estabeleça a
correspondência entre as partes. Esse nível de escrita se caracteriza pela
caminhada em dois grandes aspectos: um deles é o reconhecimento do papel
desempenhado pelas letras na escrita, e o outro é da compreensão ampla da
vinculação do discurso oral com o texto escrito.
A medida que
a criança começa a se questionar, vai realizando tentativas e se arriscando na
formulação de hipóteses para a escrita, também através de brincadeiras como
bingo, construindo palavras, resolvendo problemas; forma encontrada nas
escritas 4, 5, 6, 7, e 8. Nelas podemos encontrar uma vinculação entre a
pronúncia e escrita. A criança conhece os sons das letras, porque ela os
associa à inicial das palavras, embora algumas vezes não esteja atenta ao som
convencional das letras. A criança pronuncia uma palavra e representa cada
sílaba por uma letra; começa a esboçar a necessidade de uma certa ordem das
letras na palavra. Essa ordem, entretanto, não tem rigor.
Através de
experiências como esta, nossos alunos compreendem o valor e as utilizações
sociais da língua escrita, descobrem e percorrem os caminhos que levam à
aprendizagem da leitura e escrita, ampliando suas possibilidades de iniciação à
comunidade letrada.