terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Lancheira Criativa

Recreio sempre foi sinônimo de guloseimas. Levar uma maçã ou pera para o intervalo era pagar mico, mas, hoje, pagar mico é ter na lancheira salgadinhos e refrigerante. O lanche equilibrado deve conter um alimento do grupo dos leites e derivados (queijo, iogurte). Eles são ricos em proteínas e cálcio, muito importante para o fortalecimento dos ossos, principalmente para crianças em fase de desenvolvimento. A lancheira dessa criança também precisa ter um pão ou cereal. Esses alimentos pertencem ao grupo que fornece energia e são importantes para repor o que se perde em atividades diárias e brincadeiras. Para compor uma lancheira nutritiva, é indispensável uma fruta, alimento que contém vitaminas e minerais. Sugerimos um cardápio equilibrado para uma semana de aula.



Sugestão de lanches para uma semana:

Segunda-feira
1 suco de frutas industrializado (200 ml)
4 bisnaguinhas com requeijão
1 maçã

Terça-feira
1 achocolatado (200 ml)
6 bolachas sem recheio
1 banana-maçã


Quarta-feira
1 iogurte (200 ml)
1 minicereal matinal (sem açúcar)
1 mexerica

Quinta-feira
1 suco de fruta industrializado (200 ml)
1 fatia média de bolo simples sem recheio
1 pera

Sexta-feira
1 lanche com 2 fatias de pão integral, peito de peru e cenoura ralada
1 iogurte de fruta (200 ml)


Pirâmide de Alimentos para crianças de 2 a 6 anos de idade:
6 porções de grãos
2 porções de frutas
3 porções de hortaliças
2 porções de carnes
2 porções de leites
Comer gorduras e óleos com moderação

Sucos naturais para crianças até 1 ano:
Sucos com legumes:

Abacaxi com água de coco
Limão com caqui
Laranja com mamão
Cenoura com melão
Laranja com morango
Laranja com cenoura
Cenoura com tomate
Laranja, beterraba e espinafre
Maçã, couve e agrião

Para ambos preparos: bater os ingredientes no liquidificador, coar e oferecer à criança, no copo ou na mamadeira.




*Flávia é nutricionista pela PUC de Campinas desde 1993. Atualmente é consultora, professora titular do Centro Universitário Senac e pesquisadora de temas como Nutrição e Meio Ambiente. É mestre em Ciências Ambientais na área de pesquisa com embalagens de alimentos.

Educar desde o princípio

O PERÍODO ATÉ OS 3 ANOS É DECISIVO NO DESENVOLVIMENTO. INVESTIR EM EDUCAÇÃO NESSA FASE PREVINE MUITA COISA RUIM NO FUTURO
Compareci ao 1º Congresso Mundial sobre Educação Inicial e Pré-Escolar que aconteceu em outubro na cidade de Monterrey, no México. Para dar a dimensão da importância do evento, participaram representantes dos cinco continentes, do Peru ao Vietnã, do Canadá à Itália, da República Dominicana à Austrália, todos preocupados com o futuro do planeta e em como investir no chamado “capital humano”.

Além de profissionais ligados à escola, havia economistas, engenheiros, médicos, políticos de escalões diversos, desde deputados até secretários e ministros de Estado, entre outros.

E o que se verificou nas diversas falas foi uma unanimidade flagrante e vigorosa, destacando a importância fundamental da educação, especialmente no período etário de 0 a 6 anos – e, com maior ênfase ainda, de 0 a 3 anos. Eu iria ainda mais além, acrescentando o período da gravidez, já que o desenvolvimento se estabelece por ocasião da concepção e vai percorrendo também o período gestacional.

Ou seja, valorizou-se a chamada educação não formal, aquela que tem por objetivo promover o desenvolvimento do bebê nos seus meses iniciais de vida, garantindo a sua adequada estruturação psíquica para que possa, depois, desenvolver os conhecimentos que virão da educação formal, mais especificamente, da escola.

Foi ressaltada a importância do papel dos pais, os primeiros cuidadores, na sua tarefa de acolher afetivamente seus filhos, amparando-os nas suas ansiedades e oferecendo-lhes o apoio necessário para que aprendam a conviver com situações mais complexas em suas vidas futuras.

Falou-se da importância da colocação de regras e limites, da necessidade de reconhecer e respeitar o outro, e de como estes pais precisam adquirir este manejo para educar seus filhos para que tenham autonomia para conduzir seus próprios destinos.

Crianças educadas dessa maneira certamente terão a oportunidade de mostrar sua criatividade, irão em busca do conhecimento para enriquecer suas curiosidades e desenvolverão melhor a capacidade de pensar.

DE ACORDO COM JAMES HECKMAN, PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA 2001, QUE ESTEVE LÁ EXPONDO SUAS IDÉIAS, A TECNOLOGIA EM POUCO TEMPO NÃO SERÁ MAIS O QUE FARÁ A DIFERENÇA. O GRANDE DIFERENCIAL SERÁ A EDUCAÇÃO, MAIS ESPECIFICAMENTE NOS ANOS INICIAIS DA CRIANÇA.

Programas neste sentido vão implicar investimentos financeiros de porte, mas que terão compensações. Em suas pesquisas, Heckman mostra com evidências indiscutíveis os prejuízos à economia quando não se dá a devida atenção aos cuidados educacionais. Ao investirmos em nossas crianças, poderíamos poupar bilhões de dólares usados hoje para reparar estragos causados por alcoolismo, drogas e criminalidade. Recursos financeiros que poderão ser aplicados em outros programas, tão necessários nos países em desenvolvimento, como o nosso. A palavra de ordem daqui pra frente será: educar, educar e educar.

DR. SAUL CYPEL É NEUROLOGISTA INFANTIL E DIRETOR DO INSTITUTO DE NEURODESENVOLVIMENTO INTEGRADO (INDI) E PARTICIPOU DO 1º CONGRESSO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO INICIAL E PRÉ-ESCOLAR COMO CONSELHEIRO CURADOR DA FUNDAÇÃO MARIA CECÍLIA SOUTO VIDIGAL ILUSTRAÇÃO: MANUELA GALVÃO DE FRANÇA BARAUNA

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ADAPTAÇÃO ESCOLAR

O momento ideal para a criança ingressar numa escola é visível, as avós comentam, os vizinhos questionam e principalmente os pais percebem que só a companhia dos adultos já não satisfaz todas as necessidades de descobertas, do contato com outras crianças, a exigência de mais espaço, de brincadeiras novas.

O início da vida escolar é um acontecimento significativo para toda a família, que terá dois grandes desafios pela frente: o ambiente desconhecido e a separação da mãe. Os pais podem e devem ajudar seus filhos neste momento tão importante.

A criança precisará ser preparada para começar a freqüentar a escola. Existem alguns cuidados básicos que facilitam o processo.

Visitar a escola, conhecer o espaço, se possível em época de aulas para ver as outras crianças brincando e interagindo entre elas e com as professoras, ajuda a formar a cena para sua imaginação.

O ingresso na escola não deve jamais coincidir com algum outro acontecimento importante na vida da criança, como retirada de fralda, de chupeta, mamadeira... nesse caso a criança deve primeiro adaptar-se a escola para depois adaptar-se à nova situação.

Quanto à escolha do período, é bom que se faça em função da criança. Se ela dorme até mais tarde, deveria ser matriculada no período da tarde. Se dorme depois do almoço, o período preferível é o da manhã. Para as mães que trabalham fora, o melhor é que o período coincida com o do trabalho.

De preferência, a separação deve se dar gradualmente. É importante que a mãe deixe claro que não o está abandonando e voltará para levá-lo para casa, fazendo o possível para buscá-lo na hora exata da saída, sendo honesta com a criança, despedindo-se dela quando for sair. Só assim ela poderá se concentrar nas atividades propostas, e deixar de olhar todo o tempo para porta para saber se sua mãe já desapareceu.

A possibilidade da separação materna dependerá muito da atitude emocional da mãe. Não é possível compreender os sentimentos de uma criança sem pensar nos sentimentos que envolvem os pais. O sentimento de uma mãe, que leva seu filho na escola no primeiro dia de aula, é muito similar àquele vivido pela criança.

A mãe que tem que deixar o seu filho para trabalhar, pode se sentir culpada por não estar com ele o tempo todo e acaba se achando a última dos mortais. Essa experiência é vivida com dor. Na verdade, qualquer separação causa dor mental. O fato é que somente através da falta da mãe, e da necessidade da criança sair em busca de suas necessidades, por seu próprio esforço, é que se dará seu desenvolvimento emocional. O sentimento de culpa é uma emoção natural deste momento, pois ao mesmo tempo que ter que separar-se pode parecer impossível, algumas vezes é um alívio.

Há uma grande ambivalência dos pais que por um lado desejam cuidar e proteger os filhos, e por outro também querem descansar e retomar suas vidas. Este sofrimento poderia ser menor se lembrassem que ser boa mãe ou bom pai não significa estar interagindo o dia inteiro com a criança. O que conta é a qualidade da relação quando estão perto. Uma mãe que se dispõe a refletir sobre suas emoções, sem medo, poderá ensinar seu filho a fazer o mesmo e repartir seus anseios, o que acabaria por unir ao invés de separar.

As crianças mais independentes muitas vezes são parte de uma família numerosa, ou filhos de pais que trabalham fora e que aprenderam a se organizar sozinhos, o que não garante que sua adaptação seja mais tranquila. É comum filhos únicos terem mais dificuldades, por estarem acostumados a ter todos os problemas solucionados pelos adultos, o que os torna despreparados para lidar com fortes emoções. A melhor maneira de ajudar a criança é deixá-la, sempre que possível, encontrar seu caminho para a independência.

A pré-escola é uma oportunidade que a criança tem de se desenvolver intelectual e emocionalmente, enfrentando as dificuldades sozinha, começando a lidar com outros adultos que não seus pais nem seus familiares. Por isso, ela deve sentir que o ambiente lhe oferece carinho, afeto e segurança, semelhante ao que sente em casa. O papel da professora passa a ser fundamental na vida da criança, ela deverá estimular seu filho quando ele estiver com medo, e mostrar-se o mais confiante possível. Evitar chacotas em torno dos temores infantis é algo que deve ser cumprido à risca. Tais temores desaparecerão por si só, quando a criança tiver experiência bastante para enfrentar as vicissitudes da vida.

Graças à educação em grupo, a criança desenvolve a receptividade e a sensibilidade ao mundo exterior; aprende a vencer a timidez e insegurança, a colaborar e trabalhar em equipe, aprende a trocar e emprestar brinquedos; a conviver com outras crianças, a defender-se, se comunicar e se expressar melhor.

O mundo da criança com sua família está apoiado em bases sólidas e confiáveis. Um mundo mais amplo a espera para acrescentar sua parte ao que ela já construiu como modelo de vida. A partir daí, os pais então a observar seu filho tornar-se uma criança como qualquer outra. A coisa mais importante que existe terá sido conquistada: uma outra pessoa.



Evelyn Pryzant